17 de jan. de 2008

Parte 11

O sol já havia se erguido há alguns minutos quando a doce fragrância de café fresco e pão recém assado invadiu o quarto onde os três dormiam. Scal fora o primeiro a despertar com o cheiro do café da manhã preparado pela senhora Krane, e não tardara até que o feiticeiro de levantasse e ficasse pronto para sua viagem antes de se sentar à mesa, onde a dona da casa já se servia de uma fatia de pão com manteiga e se servia de uma taça de leite.
-Bom dia senhora Krane! – disse ele alegremente enquanto se sentava e pegava um pedaço de pão
-Bom dia Scal! Dormiu bem? – perguntou ela sorridente
-Ah, dormi sim! Faz um bom tempo que eu não dormia tão bem!
-Que bom! Fico feliz! Agora se alimente bem, pois vocês tem uma longa jornada pela frente!
-Hum? “Vocês”? Perguntou ele, mas recebeu apenas um sorriso como resposta.
Os gêmeos Teodore e William entraram correndo pela porta, ainda vestindo seus pijamas e praticamente pularam sobre o café da manhã antes de dar bom dia aos já presentes, embora só o tenham feito por causa do olhar repreensivo da senhora Krane. Não tardou até que Terance entrasse na cozinha, ainda com cara de sono, pois fora acordado pelos gritos dos irmãos.
-Bom dia, gente...
O jovem paladino se deixou cair no banco abrindo a boca em um enorme bocejo enquanto ele pegava o bule de café e se servia uma generosa xícara. O jovem tinha o olhar distante, estava pensativo, tentando se lembrar do estranho sonho que tivera aquela noite, porem em vão. Tomou um gole de seu café e sentiu a cafeína lhe dando um pouco mais de energia para acordar e, conseqüentemente, fazendo-o se esquecer de que havia sonhado. Mas o rapaz ainda se mantinha alheio ao que acontecia a sua volta e mal percebeu a aproximação de Janus, que se sentara ao seu lado, deixando uma mochila que a senhora Krane havia lhe emprestado. Acordou apenas quando ouviu a voz de Janus respondendo a alguma pergunta ao seu lado.
-Mas eu quero ir! Se de alguma forma me der as respostas sobre o que aconteceu com minha vila eu quero ir sim!
-Mas eu enviarei mensagens sobre o que eu tiver descoberto, Janus... Você não precisa se arriscar... O caminho até o Vale do Crepúsculo é longo e perigoso eu...
-Não vai poder me proteger o tempo todo? É isso, né? – Janus começava a se exaltar - Eu me viro! Eu aprendo a lutar! Eu já tenho quinze anos, eu acho que consigo levantar uma espada ou atirar com um arco!
-Não é isso, Janus... – tentou tranqüilizar Scal – É que eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com você!
-Eu vou junto... – Disse Terry sem pensar direito no que acabara de dizer – Eu preciso ir... – O rapaz olhou para a mãe, esperando algum tipo de retaliação, porem ela parecia já esperar por aquilo – Tenho que ir atrás do papai... Eu protejo o Janus se ele precisar...
-Pronto! – exclamou o garoto animado – Agora já temos tudo resolvido! Quando partimos?
-Eu não acredito nisso... – Sussurrou Scal – Você quer mesmo me acompanhar, Terry?
-E porque não? – respondeu o paladino - Eu seria de boa ajuda! O que você fará se suas magias acabarem no meio de algum ataque de orcs ou goblinóides?
-Eu pretendia evitar esses encontros... O que se tornara difícil se eu estiver acompanhado – a ultima frase saiu como um sussurro, inaudível para os demais – Mas tudo bem... Não vou conseguir convence-los sem uma boa discussão antes, e quero estar na estrada dentro de meia hora no Maximo... Podem ir comigo então, mas você fica de olho no garoto, Terry!
-Te dou minha palavra, feiticeiro!
O café da manhã se seguiu normalmente a partir daí, eles acertaram alguns detalhes que precisaram ser re-pensados agora que os dois rapazes acompanhariam o feiticeiro em sua jornada rumo ao Uialtum, o Vale do Crepúsculo.
Os preparativos finais foram feitos antes mesmo do previsto por Scal, e Terry já estava pronto, com sua espada embainhada e trajando um traje grosso de couro que lhe servia de armadura enquanto o jovem Janus se esforçava para tentar subir sozinho no enorme cavalo tordilho que a senhora Krane lhe arrumara.
As despedidas foram feitas sem mais delongas e, no tempo planejado, os três tomaram a estrada rumo ao Oeste, que os levaria primeiro a cidade de Bomvale, principal cidade nos limites do Vale dos Krane, de onde pegariam a estrada Norte, levando-os até o Vale do Crepúsculo, cruzando antes o Bosque Escarlate, onde fariam uma rápida parada em Eskarla.
E assim seguiram os três companheiros, a um destino que lhes ainda era desconhecido, e que os levaria mais longe do que imaginavam. Então sumiram no horizonte.