9 de jan. de 2008

Parte 06

O feiticeiro permanecia em seu cavalo, a urgência estampada no rosto, esperando que Terry respondesse logo sua pergunta. O cavalo sapateada no mesmo lugar, refletindo a impaciência de seu mestre, bufando e espirrando o suor que lhe escorria pelo nariz nas roupas do jovem paladino.
-Seu pai está aqui, Terance? É realmente urgente! – Insistiu Scal
-Sinto muito, mas ele não está... Meu pai partiu em viajem a menos de uma semana... O que é tão urgente que o tirou da torre de seu mestre, Scal?
-Droga... – sussurrou o feiticeiro para si mesmo – Você sabe para onde ele foi? Ou quando volta?
-Ele disse que não voltaria antes da lua mudar de face, mas não disse para onde ia... Saiu daqui às pressas, pouco depois da ultima visita de seu mestre... O que aconteceu, Scal?
-Não sei ainda, Terry... – respondeu hesitante – Por isso mesmo que precisava falar com seu pai tão urgentemente...
-Por que não fica aqui esta noite? Talvez minha mãe saiba dizer onde ele foi... Alem do mais, a estrada fica perigosa de noite.
Scal apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça, aceitando o convite de Terry e desceu do cavalo, deixando que o garoto o levasse até o estábulo. Entrou, sem cerimônias, na casa do Krane e deu de cara com o jovem Janus, que o encarava com a expressão triste que mantinha há três dias. O feiticeiro sorriu e fez um gesto com a mão, cumprimentando o garoto a distancia, acreditando se tratar de algum amigo dos gêmeos ou algum parente dos Krane. Livrou-se da capa de viajem, deixando a mostra o robe negro e vermelho, muito diferente daquele usado por seu mestre em vida, cheio de cores vivas e radiantes, e se sentou na cadeira livre a frente de Janus, que lhe lançou um olhar desinteressado antes de fixar o olhar no mesmo ponto distante que vinha observando. Terry entrou na sala alguns minutos depois.
-Ah sim, antes que eu me esqueça! Scal, esse é o Janus, ele morava em Sunspeak... Janus, esse é Scal, um feiticeiro de Bomporto e amigo da família! Vou buscar minha mãe, já volto!
-Hum... – fez Scal analisando o garoto enquanto Terry voltava para fora – Foi muita sorte sua sair de Sunspeak, meu jovem... Mas vejo pela sua cara que já sabe do ocorrido, estou certo?
-É... Sei sim... – respondeu Janus sem desviar o olhar – Foi por isso que vim pra cá... Por que minha vila já não existe mais...
-Entendo... Infelizmente só posso imaginar o que sente... Mas ainda assim foi muita sorte não estar na cidade quando aconteceu seja lá o que for...
-Não sai... – respondeu secamente o garoto – Eu estava lá o tempo todo...
O feiticeiro se calou, observando curiosamente o jovem rapaz a sua frente. Sua boca se abriu, esboçando o comece de alguma palavra, mas fora interrompido pela volta de Terry, agora acompanhado de sua mãe. A senhora Krane se adiantou para cumprimentar Scal e se sentou uma das cadeiras vazias
-O que o trás à nossa casa, Scal? Achei que não o veria tão cedo depois que viera nos trazer as ultimas noticias tão tristes sobre o bom Nimb.
-Admito que também não me imaginei saindo da torre tão cedo, senhora Krane, mas algumas coisas têm me perturbado, e minha viajem até aqui sinceramente não ajudou...
-Mas o que eu houve?
-Bom, já lhes contei de como os últimos minutos de meu mestre pareceram inquietos... Fiquei me perguntando desde então se não teria sido algum delírio ao sentir a morte se aproximando, mas agora não tenho tanta certeza...
-O que quer dizer?
-Bom... Meu mestre estava estudando algumas magias avançadas de divinação... E... Bem... Você não sentiu nada estranho a três madrugadas atrás, Terry?
-Não que eu me lembre... – respondeu Terry pensativo, Janus o olhou curioso, finalmente prestando atenção na conversa – Nada alem de uma noite particularmente mal dormida... De resto...
-Bom, foi na mesma madrugada que meu mestre morreu, e acredito que fora também a ultima de Sunspeak... Estou correto, Janus?
-É... Isso mesmo... – respondeu o garoto desviando rapidamente o olhar
-Eu senti uma aura assustadoramente maligna quando encontrei o Janus! – o garoto olhou assustado para o paladino – Acha que seu mestre viu o que aconteceu? E foi isso que o matou?
-Sim, existe essa possibilidade... Eu tentei rastrear que tipo de magia teria feito aquilo com Sunspeak, mas tudo o que consegui foi descobrir vestígios descomunais de magia... E a única pessoa que eu conheço que poderia me dar alguma luz no ocorrido era seu pai, Terry...
-Mas... – começou Janus, finalmente manifestando-se – Por que você acha que os eventos estão interligados? A morte de seu mestre e a destruição de Sunspeak? E por que alguém destruiria uma vila tão pequena e sem importância?
-Não é a vila em si, Janus... Segundo as anotações de meu mestre, havia uma chave escondida em Sunspeak... Chave que, segundo os últimos delírios dele, deve ser destruído... Mas ainda não sei como ela se parece ou o que ela abre, só sei que é vermelha...
-Você sabe que nada disso faz sentido, né? – disse Janus rispidamente desviando o olhar – E por que diabos eu teria sobrevivido? Por que eu? POR QUE SÓ EU?
Terry e sua mãe olharam assustados para o garoto, Scal, porem, pareceu não se importar com o grito de Janus, já esperava por isso, e tinha uma explicação, embora fosse preciso mais tempo para que sua teoria se confirmasse. Um pesado silêncio se formou, e se manteve por alguns minutos, até que o feiticeiro julgou que estava na hora de quebrá-lo.
-Mas então... – começou se dirigindo à senhora Krane – Acredito que apenas seu marido poderia me ajudar... Sabe para onde ele foi? Se teria como eu encontra-lo?
-Ah sim! Bom... Ele saiu às pressas a quatro dias atrás depois da ultima visita de seu mestre... Ele chegou a falar alguma coisa, mas ele parecia tão aflito que eu não entendi direito... Disse que iria para o norte... Algo sobre uma montanha e um vale... Uialtum, se não me engano...
-Uialtum? – exclamou Scal – Ele foi para Uialtum, o Vale do Crepúsculo? Mas aquilo é um cemitério de Dragões! Não tem nada ali a não ser um monte de carcaças em decomposição... Alem do mais é uma subida muito arriscada até o vale, o que ele teria ido fazer lá?
-Infelizmente eu não sei Scal... Mas Steven parecia precisar chegar lá o quanto antes...
-Bom, o Paladino deve ter seus motivos... E acho que perguntarei pessoalmente a ele... Agradeço se puder me abrigar aqui esta noite, senhora Krane, e me arrumar algumas provisões... Amanhã ao amanhecer eu partirei rumo ao norte... Tenho um péssimo pressentimento quanto aos eventos recentes...
O sol havia acabado de se pôr, Terry ajudava Scal a se preparar para a jornada no dia seguinte, e Janus se mantinha calado, ainda desejando respostas, e já sabia como consegui-las.

Um comentário:

Éb disse...

Hmmm, Paladino safadenho esse XDDDD falou pra mulher que foi no meio do nada... hmmm...
ai, por que o scal não fala logo qual foi a teoria dele!? x__x que aflição!
mas então, parte 7 amanhã com direito a drow? =p